sábado, 16 de fevereiro de 2008

XLT 1.6 o melhor dos EcoSports


Desde que foi lançado, em 2003, o EcoSport se tornou o utilitário esportivo mais vendido do país. A Ford acertou em cheio ao apostar num compacto com cara de jipinho, mais barato que os autênticos off-road, para um público que prefere o asfalto e não planeja enfiar seu carro em trilhas inóspitas.

Só que a concorrência -- com inexplicável atraso, é verdade -- resolveu se mexer. A General Motors prepara um sport-utility light em cima do Celta e baseado no conceito Prisma Y, mostrado no Salão de São Paulo de 2006, enquanto a Renault estuda fazer o Logan MCV em São José dos Pinhais, no Paraná. E a recente maquiagem no EcoSport, apresentada em fins de outubro de 2007, foi a forma encontrada pela Ford para manter as boas vendagens e de se antecipar aos rivais que estão por vir.

Tanto que, no lançamento do "novo" EcoSport, a fabricante norte-americana avisou que não esperava elevar substancialmente suas vendas. Até porque a planta da montadora na cidade baiana de Camaçari já opera no limite. Mesmo assim, o utilitário esportivo da Ford passou das 4.709 unidades em outubro para 5.443 e 5.383 unidades em novembro e dezembro, respectivamente. Em janeiro, mês tradicionalmente mais fraco, o modelo teve 4.560 unidades comercializadas.

A versão XLT 1.6 é o principal "motor" dessa liderança, já que representa 40% das vendas totais do veículo. Trata-se da configuração mais completa da linha 1.6. A versão parte dos R$ 56.480 e sai de fábrica com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rádio/CD/MP3, ajuste de altura do volante, banco traseiro bipartido, alarme na chave, aviso sonoro de faróis acesos, regulagens de altura e lombar do assento do motorista, relógio digital, entre outros.

Na parte estética, item de fundamental importância para os "jipeiros do asfalto", faróis de neblina, bagageiro no teto e rodas de liga leve aro 15.
Mas molduras, carcaças de retrovisores e pára-choques na cor do veículo fazem parte de um pacote que inclui airbag duplo frontal, e que faz o compacto passar a custar R$ 58.165.

Completo (como a versão testada), o modelo recebe, ainda, freios com ABS e EBD e revestimento em couro dos bancos. Com isso, o EcoSport XLT 1.6 chega a R$ 64.005. Fica mais caro que o Chevrolet Tracker, um autêntico "lameiro" que, com os mesmos equipamentos, sai por R$ 61.274 e ainda leva a vantagem de ter tração nas quatro rodas.

Mas o modelo da General Motors perde no quesito estético, com um desenho bastante datado -- além do fato de a planta da GM na Argentina não ter capacidade produtiva para brigar de fato com o modelo da Ford.

Desempenho - O motor Zetec de 111 cv com álcool sempre teve um comportamento bastante satisfatório, mas foi beneficiado pelas mudanças no câmbio. O encurtamento da primeira e segunda marchas garantem arrancadas visivelmente mais vigorosas. De zero a 100 km/h foram 13,7 segundos. Mas, nas retomadas, o peso de 1,2 tonelada se faz notar e o modelo demora a engrenar, até porque os 16,8 kgfm de torque só estão disponíveis depois dos 4.250 giros. É preciso um pouco de paciência e pé no fundo para chegar à máxima de 160 km/h.

Estabilidade - Apesar da altura elevada, o EcoSport se porta muito bem nas curvas. A carroceria torce pouco e o modelo não faz menção de sair de frente. O conjunto equilibrado também se reflete nas retas, e a relação entre rodas e volante só fica comprometida quando o veículo ultrapassa os 140 km/h e surge uma pequena sensação de flutuação. Nas frenagens bruscas, o ABS ajuda a manter o carro na trajetória.

Conforto - A suspensão bem acertada do EcoSport absorve bem as irregularidades da pista e os ocupantes não sentem as buraqueiras dentro do habitáculo. A altura do modelo confere um bom espaço para a cabeça dos ocupantes - mas, como em todo compacto, o vão para as pernas é regular. Atrás, por exemplo, dois adultos e uma criança conseguem viajar. Mas o isolamento acústico continua falho. Acima dos 4.500 giros o motor grita bastante e o barulho invade o habitáculo.


Tecnologia - O EcoSport usa uma plataforma inaugurada no Brasil em 2002, relativamente moderna. No entanto, segundo fontes do mercado, a Ford já prepara uma nova plataforma para a futura geração do modelo. A suspensão independente na frente e semi-independente atrás é eficiente e confere um bom comportamento ao SUV. A versão XLT pode receber airbag duplo e ABS como opcionais, como na unidade avaliada, mas é inexplicável a ausência de computador de bordo, item só entregue nos modelos 2.0.

Acabamento - A Ford bem que se esforçou, mas o acabamento do EcoSport continua deixando a desejar. Os materiais do painel e das portas foi melhorado, estão menos agressivos ao visual e ao toque, mas nada que possa realmente representar um avanço. Os encaixes são imprecisos, assim como os fechamentos. Há diversas folgas visíveis nas tampas dos porta-luvas e em outros revestimentos, e as rebarbas estão aparentes por todas as partes, principalmente nos painéis do teto e na cobertura do porta-malas.

Custo/benefício - A versão XLT 1.6 entrega uma boa relação de equipamentos de conforto e de segurança por R$ 64.005. Mas acaba mais cara que modelos como Palio Adventure e CrossFox e até que a Tracker, um SUV autêntico e com tração 4x4.

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