terça-feira, 19 de maio de 2009

NOVO DEFENDER 2009







“Novo Defender?”, você deve ter se perguntando. Sim, o Defender mudou mais do que se possa imaginar na versão 2009. As maiores novidades são o motor 2.4 turbodiesel de 122 cv e o câmbio, que ganhou uma 6ª marcha. Além disso, o capô traz um desenho diferente e, graças a alterações na sofrível ergonomia do Land Rover, o motorista não precisa mais dirigir quase de lado. Por aqui, o jipão em sua nova versão está à venda desde o final de 2008 por R$ 134 000. É caro? Sim, partindo do ponto de vista que um Land Rover Discovery 3, infinitamente mais confortável e moderno, custa R$ 21 000 a mais. Mas o Defender tem um público-alvo específico, que desafia a razão em nome do estilo de vida que o modelo oferece.

Enquanto o Discovery traz câmbio automático, carroceria com deformação programável e uma série de airbags, o Defender, mesmo na versão 2009, não tem nada disso. E nunca terá. “Nem precisa. O Defender tem um público muito bem definido e tão fiel quanto o de compradores de motocicletas Harley-Davidson. O que vale é o estilo de vida que somente este tipo de carro proporciona”, explica Luiz Tambor, presidente da Land Rover do Brasil. Um claro exemplo da comunidade que se forma em torno do clássico modelo da marca inglesa é a troca de acenos entre proprietários do veículo no trânsito, mesmo sem se conhecerem. Outro fator que chama atenção é a alegria desses donos ao verem o carro coberto de lama.

Acelerando o ícone

O Defender é indiscutivelmente um carro com desempenho ímpar em estradas completamente acidentadas, mas não é ideal para quem busca um jipe para rodar na cidade. No trânsito pesado, ficar passeando entre a 1ª marcha, curtíssima por conta do turbocompressor de geometria variável, e a 2ª pode render ao final do dia dores musculares na perna e no braço. Não é qualquer um que consegue dirigi-lo perfeitamente, tamanho o esforço exigido na condução. Também não é qualquer um que entra nesse carro. Um motorista alto e, digamos, um pouco mais “largo” sofre para guiar o Defender.

A chegada da 6ª marcha foi bem vinda. Sua eficiência é notada na menor faixa de giro que o motor trabalha em velocidades mais altas, o que também diminui o nível de ruído e consumo de combustível. As respostas do propulsor são rápidas. Rodando a apenas 2 200 rpm, o Defender já tem à disposição 90% de seus 36,7 kgfm de torque, mais uma justificativa para a 1ª marcha tão curta. Mas está no câmbio, que também pode ser acionado no modo reduzido, o segredo da superação de obstáculos, permitindo literalmente escalar trechos sinuosos sem exigir muito do motor. O consumo também é outro ponto interessante: com um tanque de diesel de 75 litros, o carro andou mais 600 km durante a avaliação do Carro Online.

Por ser um modelo muito comprido (4,63 m), largo (1,79 m), alto (2,02 m) e pesado (1 873 kg), o Defender 110 não transmite muita segurança em frenagens bruscas ou em curvas em velocidade, mas ele não foi feito para esse tipo de uso. Apesar disso, o modelo 2009 vem com freios ABS e controle eletrônico de tração (ETC), mais um avanço para o carro que remete ao primeiro Land Rover, o Série I de 1948.

Mas todos os defeitos do carro e reclamações de motoristas “normais” são compensados com o desempenho do Defender no off-road. Sem o snorkel, o modelo é capaz de percorrer trechos alagados de meio metro. O ângulo de entrada de 45º e saída de 35º, além do generoso vão livre de 31,4 cm, permitem também entrar e sair de buracos fora do comum e superar obstáculos que fariam muitos utilitários luxuosos jogarem a toalha.

Tragédia ergonômica

Entrar no Defender é como voltar no tempo. Muitos elementos da cabine são dignos de carros do passado, como as alavancas de acionamento de faróis e limpador do para-brisa, que dão um estalo ao serem acionadas. Ainda assim houve uma tímida reformulação. Os bancos são novos, a disposição dos botões no console foi alterada e as saídas de ar foram redesenhadas. A modernidade chega ao Defender por meio de um conjunto de leds, que iluminam o painel à noite, e do sistema de áudio com entrada auxiliar para iPod.

Porém, elementos que fazem motoristas de carros normais torcerem o nariz ainda estão presentes no Defender. A alavanca do freio de estacionamento fica literalmente ao lado do joelho, e o número de parafusos e porcas expostos pelo interior impressiona. Por outro lado, o modelo, no caso o Defender 110, que possuía bancos retráteis no bagageiro, agora tem disposição dos assentos em fileira. No entanto, a Land Rover parece ter esquecido de reposicionar as alças de segurança, que continuam instaladas acima da porta traseira e não têm utilidade alguma nessa posição quando alguém viaja no compartimento.

Vale a pena?

Vale se você é um motorista com espírito de aventura e sem frescuras. O Defender é um carro para expedições que lhe permite chegar a lugares inimagináveis. Não que um Discovery 3 não seja capaz, mas o perfil do veículo é para quem procura aventuras de verdade.

Não é raro ouvir histórias de proprietários do modelo no Brasil que já foram com seus carros para lugares inóspitos pelo país ou até fora dele. Mas seu preço por aqui pode ser considerado um tanto exorbitante. Na Inglaterra, por exemplo, o modelo custa cerca de R$ 61 000, preço até que justo para um carro rústico com capacidade fora-de-estrada sem igual. Um Troller T1, como base de comparação, sai por R$ 88 000. Ainda assim, seu sucesso de vendas e a legião de fãs que o cerca desafia a razão e mantém acesa, e cheia de lama, a história da Land Rover.


Fonte: www.terra.com.br

Nenhum comentário: