segunda-feira, 15 de junho de 2009

Hyundai i30 é lançado no Brasil










O preconceito com os carros coreanos acabou? Os números indicam que sim. Mais que isso, a estratégia da empresa que mais vende os modelos vindos da porção sul da península coreana adentra um mercado mais acessível e competitivo. Depois de assumir a liderança entre os SUVs (Sport Utility Vehicles, ou veículos utilitários esportivos) de entrada com o Tucson, as fichas da Hyundai estão todas colocadas no segmento dos hatches médios. O produto com o qual eles pretendem sacudir essa fatia de mercado e, pasme, até disputar a liderança do segmento, é o i30. A intenção é vender entre 2 000 e 3 000 carros por mês. O Volkswagen Golf, por exemplo, vendeu 1 961 unidades em seu melhor mês em 2009.

Com design atual e equipamentos pouco vistos em hatches médios de entrada, todos os i30 vêm acompanhados da sigla GLS e estão divididos em três versões, equipadas com direção elétrica, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuidor da força de frenagem), airbag duplo, ar-condicionado, rodas de 17”, trio elétrico, rebatimento elétrico dos retrovisores e sensor de chuva. A mais barata sai por R$ 54 000, atende pelo nome de GZ63 e traz bancos de tecido e ar-condicionado analógico. Por R$ 58 000, o modelo já sai com câmbio automático.

O i30 intermediário é o GZ20. A opção traz climatizador com comando digital e teto solar elétrico. Com câmbio manual sai por R$ 63 900, e a transmissão automática, nesse caso, eleva o preço a R$ 68 900. O i30 top de linha, GZ19, vem somente na opção com câmbio automático de 4 marchas, custa R$ 72 000 e traz todos os itens do modelo intermediário mais bancos de couro, controle eletrônico de estabilidade (ESP) e tração (TCS) e oito airbags.

Por fora, suas linhas modernas transmitem uma sensação bem compacta, e o i30 parece ser bem menor que os concorrentes, mesmo com seus 4,20 m de comprimento (a mesma medida de Peugeot 307 e Golf). A linha de cintura é alta e o desenho do conjunto de janelas ascendente refresca a memória de quem gosta de compactos mais arrojados. Na dianteira, os faróis trazem canhões duplos com leves detalhes na cor azul. Na traseira, o desenho retangular do vidros casa bem com a tampa trapezoidal e as lanternas verticais.

A sensação de pequenez externa, devido ao design um tanto arrojado e, de fato, “semelhante ao do BMW série 1”, como faz questão de frisar Carlos Augusto de Oliveira Andrade (presidente do grupo CAOA, responsável pela importação dos modelos da Hyundai e da Subaru ao Brasil), não se estende da porta para dentro. O espaço interno não deve em nada para seus concorrentes mais atuais, como Citroën C4 hatch e Ford Focus. Talvez o Peugoet 307 leve alguma vantagem sobre o i30 nesse quesito, mas não será uma diferença crucial.

Quem viaja atrás tem excelente espaço para as pernas e para a cabeça, mesmo na versão avaliada, a intermediária dotada de teto solar elétrico. O item tira um pouco da altura máxima dentro do habitáculo, mas a posição da cabeça mantém-se preservada. Os bancos, tanto dianteiros quanto traseiros, são forrados de um tecido sintético de qualidade e não destoam quanto ao conforto – pernas e costas estão bem amparadas. Isso tudo graças ao fato de sua excelente distância entre-eixos.

A principal qualidade do conjunto que se vê ao volante é o acabamento que mescla materiais de baixa aspereza ao toque e certa atualidade no desenho dos componentes. As saídas de ar verticais no painel até lembram as do Ford Edge, enquanto os sistemas de som e do ar-condicionado digital mantêm certa identidade da marca, pois seu posicionamento e formato lembram o do Hyundai Tucson. Seu painel é completo e a iluminação do conjunto é feita num agradável tom azul.

Ao girar a chave, silêncio. É perigoso até girar o contato novamente achando que o i30 está desligado, como fez um colega de imprensa. “Isso se deve ao fato de a Hyundai ter desenvolvido a parte acústica do carro através de simulações de comportamento feitas por computador em nossos centros de desenvolvimento na Europa”, revela o gerente geral de pós-venda da marca, Luiz Sérgio Cazzonatto. Em rotações mais elevadas, o ruído muda o tom e tem até algo metálico no que é perceptível dentro do carro. Não chega a empolgar, mas se diferencia do resto da “turma” de hatches médios.

Sua direção com assistência elétrica se adapta à maneira que você dirige, mas demora um pouco a enrijecer nas primeiras manobras mais bruscas. Em baixas velocidades, o sistema se mostrou leve e seguro, isso porque o volante – que conta com regulagens manuais de altura e profundidade – tem um raio menor que o usual e um miolo central grande, que traz um “quê” de esportividade à condução.

Na hora de acelerá-lo de verdade, duas constatações: o câmbio poderia ser melhor e sua suspensão arranca elogios. Quanto à transmissão, o fato é que o motor de 145 cv é muito para a caixa, que além de ser muito longa, em virtude da pouca quantidade de marchas, mostra-se um pouco lenta em situações de “improviso”, quando se deve reduzir com mais velocidade. E isso não é culpa do torque máximo só acontecer a 4 500 rpm, já que 90% da força está em ação a 2 700 rpm.

Quanto ao conjunto de suspensão, suas credenciais são o que há de melhor no segmento. Assim como o Ford Focus, ele entrega um sistema multibraços no conjunto traseiro, o que, aliado às rodas de 17” – de série em todos os modelos – transmite uma inimitável sensação de segurança, principalmente quando a velocidade que o ponteiro marca não é compatível com a placa que antecede a curva. É para se surpreender mesmo. Os controles de tração e estabilidade poderiam nem existir no modelo top de linha que ele continuaria entregando um invejável nível de segurança. Não se prenda a isso com este hatch.

Apesar das comparações exageradas do presidente do Grupo CAOA, ao dizer que o i30 “tem tecnologia de um Mercedes-Benz e acabamento dos carros ingleses”, o novo Hyundai tem qualidades para realmente se firmar como um dos mais vendidos do segmento, que tem o veterano Chevrolet Astra na liderança. Mais um fato confidenciado por Carlos Augusto de Oliveira Andrade que pode corroborar com a tese é que só no fim de semana de lançamento “extra-oficial” do i30 foram vendidas 85 unidades do modelo apenas na capital paulista. Você apostar que se todos os potenciais compradores, com o valor do carro na mão e a dúvida na cabeça, experimentarem uma voltinha a bordo do hatch, será difícil demovê-los da idéia de ter um.

Fonte: João Anacleto
http://carroonline.terra.com.br/index.asp?codc=3285