sexta-feira, 24 de julho de 2009

Nova Mitsubishi Pajero Dakar
















Substituto natural do Mitsubishi Pajero Sport no exterior, no Brasil o Pajero Dakar foi batizado em homenagem à mais competitiva prova off-road do mundo, o Rally Dakar. No entanto, a marca japonesa, que detém 12 títulos em 26 participações na prova, não participa do rali desde 2008 e não diz se voltará ao certame. Apesar disso, a filial brasileira precisava de um nome para diferenciá-lo da versão Sport, que continuará em produção na fábrica de Catalão, em Goiás – o Dakar vem importado da Tailândia. Segundo os executivos da Mitsubishi, a novidade chega para "ocupar a lacuna dos R$ 160 000” em sua variada linha de SUVs, que começa no Pajero TR4, segue com o Sport e o Dakar e termina no Full.

Apresentado pela primeira vez em agosto de 2008 no Salão de Moscou, na Rússia, o Pajero Dakar é um carro que a fabricante venderá apenas em mercados considerados emergentes. Estão na lista países da América Latina, Ásia, Oriente Médio e Eurásia (Rússia, Turquia etc.). Por aqui, o modelo desembarca com preços sugeridos de R$ 152 990 na versão manual e R$ 159 990 na automática. O motor escolhido para o mercado nacional foi o 3.2 16 válvulas turbodiesel, que desenvolve 165 cv de potência a 3 800 rpm e 38,1 kgfm de torque a 2 000 rpm. Do outro lado do mundo, o mesmo veículo também é vendido nas opções 2.5 diesel e 3.5 V6 a gasolina.

Segundo Reinaldo Marutori, diretor de engenharia da Mitsubishi do Brasil, a marca tem a intenção de trazer a produção do Pajero Dakar para sua linha de montagem em Catalão. “Mas ainda não temos prazo algum”, completa. Perguntado se o modelo poderia ganhar uma opção a gasolina no futuro, Paulo Ferraz, presidente da marca no Brasil, foi direto: “Se tiver, será flex”. O motor pode ser o mesmo do Pajero Sport nacional. Já quando questionado a respeito do preço do lançamento em relação a modelos rivais, como o Toyota Hilux SW4 (R$ 151 000) e o Land Rover Discovery 3 (R$ 183 000), Robert Rittscher, diretor comercial da fabricante, foi categórico em sua resposta: “Eles não têm o DNA Mitsubishi”. Ok, vamos acelerar.

No evento de lançamento do carro, a Mitsubishi convidou os jornalistas para um test-drive do Pajero Dakar por um trajeto com trechos de terra e pavimentados nos arredores de Mairiporã, no interior de São Paulo. Logo na saída do ponto de encontro já éramos instruídos a entrar com o veículo em um longo trecho sem asfalto, repleto de buracos e obstáculos variados. Em superfícies razoavelmente planas, a suspensão foi muito bem, mas basta passar por uma imperfeição um pouco maior que os ocupantes começam a sentir os balanços na cabine. Se for um buraco grande, o susto é proporcional ao obstáculo.

Com a tração 4x4 acionada, somente um obstáculo muito difícil é capaz de parar um Pajero Dakar, que ainda tem em sua caixa de transmissão (tanto na automática como na manual) os modos 4x4 com diferencial central bloqueado e 4x4 reduzida, que permite ao carro literalmente “escalar” as mais sinuosas estradas de terra e lama. Ainda conta a favor do Dakar na prática do off-road os ângulos de ataque de 36º e de saída de 25º, que evitam eventuais raspadas de para-choque em subidas íngremes ou final de descidas. De acordo com a marca, o modelo ainda encara rampas de até 35º e vias com uma inclinação lateral de 45º. É um carro feito para aventuras, isso é fato.

Mas, como a maioria dos brasileiros que compra este tipo de carro não utiliza os modelos na terra, o máximo de aventura que muitos Pajero Dakar terão pela frente serão lombadas, poças d’água e valetas. Então, o que interessa neste ponto é o motor e sua praticidade no uso urbano. Durante o teste-drive a bordo da versão automática com 4 velocidades foi possível notar que o Dakar parece um pouco “amarrado”, apesar dos bons números de potência e principalmente torque, que aparece a 2 000 rpm e segue plano até altos giros. O câmbio, quando conduzido de forma sequencial, apresenta um pequeno delay. Falta ao carro a arrancada típica de propulsores diesel de grande cilindrada, que, no caso do lançamento, grita muito, mas responde pouco. No entanto, o modelo é surpreendentemente manobrável em vias apertadas. Parte desse atributo deve-se ao diâmetro de giro de 11,2 metros.

Porém, como é de praxe em lançamentos da Mitsubishi, não foram divulgados dados de desempenho, como aceleração, retomada e autonomia. O único dado divulgado foi o de consumo médio a 120 km/h, que fica na casa dos 11,2 km/l, e urbano, que registra a boa média de 8,3 km/l.

Ao entrar no carro, é possível notar que o interior é simples, apesar da tentativa da marca de modernizar o painel com luzes vermelhas e uma pequena tela de cristal líquido, que permite ao motorista acessar as informações do computador de bordo. Outro ponto que desanima é a forma como o sistema Bluetooth foi instalado na cabine. Os comandos do equipamento para telefonia foram introduzidos no que antes parecia ser um porta-trecos, enquanto o microfone do motorista vai pendurado acima do retrovisor interno.

Para motorista e passageiro o conforto dos bancos é muito bom, mas quem vai nas fileiras de assentos do meio e na rebatível no porta-malas não viaja em conforto pleno, já que os bancos são muito baixos e o assoalho, alto demais. É o mesmo problema de todo utilitário montado sobre chassi de longarina. Fora isso, os bancos vêm revestidos com couro de boa qualidade, que pode vir nas cores bege ou cinza. A lista de equipamentos inclui sensor de estacionamento, airbag duplo, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição da força de frenagem) e ar-condicionado automático digital com comandos individuais para as três fileiras.

Mas o carro atrai as atenções também pelo visual, cujo design foi inaugurado pela picape L200 Triton, modelo com o qual o Dakar divide a mesma plataforma. Mas se quem realmente compra um utilitário esportivo faz uma minuciosa pesquisa de preço e busca saber o que cada um oferece antes de assinar o cheque, a questão vai muito além de uma análise do DNA.





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