domingo, 29 de agosto de 2010

Mercedes C 180 K ou Passat ???








Ah, como seria bom se todos os comparativos que tivéssemos de fazer fossem como este, envolvendo Mercedes-Benz C 180 K e Volkswagen Passat. Os dois são veículos excelentes, bem construídos, com mecânica refinada e antenados com as necessidades de seu tempo até no que diz respeito ao consumo.

É claro que, nessa conta, não estão incluídas algumas variáveis subjetivas, como o status, por exemplo. Se o que você quer mesmo é ir na churrascaria e ver seu carro estacionado bem na porta quando sair, nem preciso dizer por qual deles é melhor você optar, certo?

Porém, se você cair na estrada a bordo do C 180 K depois de se empanturrar no rodízio, tome cuidado. Um motorista a bordo de um sóbrio e elegante Passat lhe pedirá passagem sem hesitar.

O casamento entre o motor 2.0, com turbo e injeção direta, e o câmbio Tiptronic de 6 marchas com dupla embreagem (DSG) é de dar inveja. Com ele, o Volkswagen precisou de apenas 7s5 para acelerar de 0 a 100 km/h. Nas retomadas, outro show para um carro dessa categoria. Foram 5s0 para ir de 80 a 120 km/h. O Mercedes, com seu 1.6 sobrealimentado por compressor e caixa de 5 marchas, não fez feio, mas ficou bem para trás: 9s6 no 0 a 100 km/h e 6s2 na mesma retomada. O Volkswagen sumiu na frente.

Ainda olhando sob o capô, vale frisar que ambos merecem aplausos de pé. O C180 K, graças à otimização de alguns componentes promovida pelo kit BlueEfficiency, como a adoção de pneus de baixo atrito, atingiu 15 km/l em um percurso rodoviário de velocidade constante a 110 km/h. Com capacidade para 74 litros de gasolina, ele poderia percorrer até 1 110 km com um tanque! Obviamente em uma situação ideal, sem passar pelo pesado tráfego urbano.

Mas o VW não fica atrás, afinal, seu propulsor já foi escolhido como o melhor do mundo em 2005, 2006 e 2007. Com potência específica acima dos 100 cv/l, ele fez médias de 8,3 km/l na cidade e 12,4 km/l em rodovias. O Mercedes, em contrpartida, tem na suspensão um de seus pontos altos. Muito bem resolvida, ela é exemplar em conciliar absorção de irregularidades do piso, rolagem da carroceria e segurança em curvas. O problema do Passat, nesse quesito, é que sua inclinação é demasiada em curvas e o conjunto elástico é mais duro em relação ao do C 180, prejudicando o uso cotidiano.

Mas a principal difença entre eles está na transmissão. O Mercedes bem que merecia algo tão eficiente quanto seu motor. Passar as velocidades manualmente é desanimador. Além de pouco prático, as trocas são feitas deslocando a alavanca lateralmente. É preciso mover a peça com força em direção ao “+”. Após duas tentativas, você vai ver que é melhor dirigir em modo Drive. Já no Passat, a vida muda com a rapidez e suavidade do DSG de dupla embreagem.

Entretanto, desde que o C 180 K foi lançado, em abril, o Mercedes vem “atropelando” em vendas. O número de unidades mensais comercializadas da Classe C subiu de uma média de 140 para cerca de 300. Já o Passat não chegou a 80 emplacamentos por mês neste ano. Por R$ 26.950 a menos que o C 200 K, a função do C 180 K é colocar em dúvida a cabeça de quem pensa em adquirir um sedã médio-grande de outras marcas na faixa dos R$ 100 000.

Pelos R$ 119 300 cobrados, o 180 K traz de série — além de freios ABS, controle de estabilidade, airbags frontais e de cortina — teto solar, bancos de couro, controlador de velocidade e ar-condicionado com duas zonas de atuação. Seu único opcional é o sensor de chuva, que eleva seu preço final para R$ 119 900.

O Passat, tabelado em R$ 99 990, fica devendo em relação ao Mercedes-Benz somente o teto solar na lista de série. O equipamento custa R$ 4 403. Além dele, estão disponíveis faróis bi-xenon direcionais (R$ 4 195) e bancos elétricos (R$ 4 115). Completo, o VW salta para R$ 112 703, ou R$ 7 197 mais barato que o C 180 K top de linha. A diferença ajuda pelo menos a amortizar o custo do seguro do Passat. Segundo nosso levantamento para o mesmo perfil, a apólice para o VW custa, em média, R$ 9 300. A do Mercedes foi cotada em R$ 7 068. É um mal dos VW importados...

Se a impressão de qualidade do habitáculo é melhor no C 180 K, exceto pelo plástico usado no console central, que não parece digno de um Mercedes no aspecto visual, o Passat esbanja espaço interno. No banco traseiro, por exemplo, o espaço para ombros é 10 cm superior. Apesar do entre-eixos menor do Passat, a área para as pernas de quem vai atrás é melhor nele do que no Mercedes.

Uma grande falha para o VW é a ausência de Bluetooth no sistema de som, problema injustificável uma vez que um Gol G5 1.0 de R$ 30 880 pode ter o equipamento e o Passat, um modelo top de linha dentro da gama, não. O sedã com a estrela na grade dianteira, além da tecnologia, disponibiliza um teclado para inserir o número de telefone. Pelo menos o VW desconta esse problema na versatilidade. Seu banco traseiro não só é bipartido como ainda pode rebater, o que ajuda a explorar seu bom porta-malas com capacidade de 485 litros (475 litros no Mercedes).

No dilema entre o sonho e a razão, o ponderado Passat anda mais, freia melhor, tem mais espaço interno e traz mais equipamentos por um preço menor. Precisa dizer qual seria a escolha lógica? Contudo, se a sua meta sempre foi “ter um Mercedes”, vá de cabeça neste. Mesmo pagando mais e levando menos. Afinal, pobre de quem pode realizar os sonhos e não o faz. Sim, a hora é agora.

Fonte:http://carroonline.terra.com.br/index.asp?codc=5758

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